Para início de conversa…
Nas últimas décadas, especificamente a partir dos anos de 1990, com o advento do computador pessoal, o perfil do aluno, marcado pela necessidade de novas competências, mudou muito, assim como o contexto socioeconômico em que vivemos, o qual coloca expectativas de desempenho cada vez mais elevadas.
Os novos alunos “[…] podem manipular várias informações ao mesmo tempo. Não conhecem, não integralizam nem sintetizam da mesma forma que nós, seus antepassados. Não têm a mesma cabeça.”, conforme afirma Michel Serres (2015:19) em Polegarzinha, publicado em francês em 2012 e traduzido para o português em 2015.
Todavia, mesmo diante desse novo perfil de aluno, ainda encontramos instituições de ensino que estão no século XIX, com professores do século XX, formando alunos para o mundo do século XXI.
Araújo (2011:39) resume o quadro atual a partir da necessidade de reinventar a educação, uma vez que a escola “tem agora, também, de dar conta das demandas e necessidades de uma sociedade democrática, inclusiva, permeada pelas diferenças e pautada no conhecimento inter, multi e transdisciplinar, com a que vivemos neste início de século 21”. A educação escolar, em qualquer nível, tem poucas chances de sobrevivência nas décadas por vir.
Uma proposta para a geração atual de aprendizes encontra-se no que denominamos Aprendizagem Ativa ou Aprendizagem Siginificativa, a qual se pauta num princípio antigo estendido. “O que eu ouço, eu esqueço; o que eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu compreendo.” é uma máxima proverbial do filósofo Confúcio e tem relação direta com Aprendizagem Ativa.
No contexto atual, a antiga máxima recebeu nova e expandida redação, resumindo os princípios das Metodologias Ativas de Aprendizagem (SILBERMAN,1996):
• O que eu ouço, eu esqueço;
• O que eu ouço e vejo, eu me lembro;
• O que eu ouço, vejo e pergunto ou discuto, eu começo a compreender;
• O que eu ouço, vejo, discuto e faço, eu aprendo, desenvolvendo conhecimento e habilidade;
• O que eu ensino para alguém, eu domino com maestria.
Ao favorecermos nos alunos as atividades de ouvir, ver, perguntar, discutir, fazer e ensinar, estamos no caminho da aprendizagem ativa.
Em suma, as Metodologias Ativas constituem um conjunto de princípios que têm como objetivo colocar o aluno como centro do processo, com vistas a torná-lo autônomo e desenvolver competências e habilidades necessárias na sociedade moderna.
Existem algumas práticas associadas a elas como o ensino por projetos, a aprendizagem por pares, a aprendizagem baseada em resolução de problemas, o estudo de caso, o ensino híbrido e a aula invertida.
Muitas pessoas associam as Metodologias Ativas às Tecnologias Digitais: isso acontece porque hoje em dia não há como pensar nas ações escolares sem as Tecnologias Digitais, sem que trabalhemos o Letramento Digital de nossos alunos.
As metodologias ativas propiciam o desenvolvimento da autonomia dos alunos, de forma que eles se tornem responsáveis pelo seu aprendizado (e isso não é falácia!). Eles fazem mais perguntas, perguntas que advêm de um processo de reflexão, de análise, sentem-se orgulhosos de tudo que conseguem atingir. Eu vivenciei isso com meus alunos!
Para o professor, as metodologias ativas também são bem relevantes: tiram de nossos ombros a necessidade de dar conta, de controlar e ser responsável por todo o processo de aprendizagem. Passamos a ter mais tempo para observar o processo de aprendizagem de nossos alunos, de curtir sua participação, sua colaboração. É claro que o planejamento de todo o processo do trabalho com as metodologias ativas dá um pouco de trabalho, mas depois que a engrenagem começa a funcionar, tudo fica mais fácil.
Quer saber mais?
ARAÚJO, Ulisses F. “A quarta revolução educacional: a mudança de tempos, espaços e relações na escola a partir do uso de tecnologias e da inclusão social”. ETD: educação temática digital, Campinas, v. 12, 2011. Número especial. Disponível em: < http://www.ssoar.info/ssoar/bitstream/handle/document/24364/ssoar-etd-2011-esp-araujo-a_quarta_revolucao_educacional_a.pdf?sequence=1>. Acesso em: 30 out. 2016.
SERRES, Michel. Polegarzinha: Uma nova forma de viver em harmonia, de pensar as instituições, de ser e de saber. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.
SILBERMAN, M. Active learning: 101 strategies do teach any subject. Massachusetts: Ed. Allyn and Bacon, 1996.
Excelente artigo!!! Muito claro e objetivo para todos professores compreenderem a importância de inovações na educação!!! Parabéns!!
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Obrigada, Carlos. Realmente as minhas postagens são resultado de reflexões que faço como professora e que acredito que venham interessar a outros professores! Abraço!
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Objetiva e fundamental esta discussão. Traz muitas novidades em poucas palavras. Admirável a intensa e constante preocupação da professora com essas novas abordagens.
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Olá, Renan.
Obrigada pelo comentário.
Em 2016 trabalhei com um grupamento de alunos somente na perspectiva das Metodologias Ativas e o resultado foi muito bom.
Em 2017, várias turmas e três ou quatro professores irão trabalhar com as Metodologias Ativas e iremos preparar todo o material didático. Um grande desafio, não?
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